31 janeiro 2007

"Não cometi qualquer acto que possa ser considerado crime"

"Valentim ficará "triste" se o processo Apito Dourado terminar por erros processuais
Valentim Loureiro disse hoje em Gondomar "esperar" que o processo Apito Dourado, no qual é arguido, não termine por erros processuais, reafirmando a sua inocência.
"Se este processo vier a terminar por questões de direito, ou por causa da ilegalidade das escutas telefónicas, de certa maneira ficarei triste porque quero que se analisem os factos e quero sair deste processo com a certeza de que não há nada que me incrimine", disse o major.
Escusando-se a responder às perguntas dos jornalistas, Valentim Loureiro disse que, "em consciência", não cometeu qualquer crime.
"Não quero que amanhã se diga que não fui condenado porque não havia lei, por isto ou por aquilo. Eu não quero ser condenado porque não cometi qualquer acto que possa ser considerado crime", frisou.
O presidente da Câmara do Gondomar falava no exterior do Tribunal de Gondomar depois de ter sido ouvido durante toda a manhã, a seu pedido, no âmbito da instrução do processo Apito Dourado, para esclarecer factos da acusação sobre os quais nunca tinha sido ouvido. "Em todo os interrogatórios nunca fui confrontado com uma questão que veio a constar da acusação e o meu advogado entendeu que deveria requerer para ser ouvido sobre essa questão", disse Valentim Loureiro, sem explicitar a que "questão" se referia. Contudo, fonte judicial disse à Lusa que Valentim Loureiro pediu para ser ouvido enquanto arguido no processo para tentar demonstrar que nada teve a ver com a inclusão do então presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, Pinto de Sousa, na viagem oficial feita por Durão Barroso a Moçambique no início de 2004. O major, acompanhado pelo seu advogado Amílcar Fernandes, terá também negado que tenha tido qualquer influência junto daquele organismo no sentido de manter Pinto de Sousa como presidente do órgão. Na acusação do processo Apito Dourado, o Ministério Público sustenta que Valentim Loureiro terá usado a sua influência naquelas duas situações, em favor de Pinto de Sousa, como contrapartida para os alegados favores recebidos pelo Sport Clube de Gondomar na nomeação de árbitros. Valentim Loureiro foi o único arguido ouvido pelo juiz de instrução, antes da realização do debate instrutório, que se inicia ao início da tarde de hoje. Segundo a acusação, os arguidos, entre os quais se contam o presidente da Câmara local, Valentim Loureiro, o seu vice-presidente, José Luís Oliveira, e Pinto de Sousa, do Conselho de Arbitragem, são suspeitos de terem montado um esquema para induzir os árbitros a beneficiar o Sport Clube de Gondomar. Envolve, ainda, outros 24 arguidos que são acusados dos crimes de corrupção cometidos no âmbito da sua actividade desportiva. A instrução, cuja fase final começa hoje, vai agora confirmar ou invalidar (infirmar) a acusação que impende sobre Valentim Loureiro, suspeito da prática de 26 crimes de corrupção activa, sob a forma de cumplicidade, e dois crimes dolosos de prevaricação.
in JN de 30 de Janeiro de 2007