15 fevereiro 2007

CAROLINA SALGADO É TESTEMUNHA

EX-COMPANHEIRA DE PINTO DA COSTA OUVIDA NO TRIBUNAL DE GONDOMAR Carolina Salgado foi ontem ouvida como testemunha no âmbito do processo «Apito Dourado». Na origem da inquirição estão “as relações pessoais” com Pinto da Costa, Valentim Loureiro e Pinto de Sousa. Carolina Salgado depôs ontem de manhã como testemunha no âmbito do processo «Apito Dourado», que se encontra em fase de instrução no Tribunal de Gondomar. Ao contrário do inicialmente se supunha, de que a ex-companheira de Pinto da Costa teria falado apenas informalmente com o procurador Carlos Teixeira, Carolina Salgado acabou por depor perante o juiz que conduz a instrução do processo relativo ao Gondomar Sport Clube. Na origem da inquirição, de acordo com informações recolhidas pelo Portugal Diário, estão “as relações pessoais” entre o principal visado no livro «Eu, Carolina», Pinto da Costa, e dois arguidos do processo de Gondomar, Valentim Loureiro – acusado por 26 crimes de corrupção activa na forma de cumplicidade – e o ex-presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, Pinto de Sousa. Esta foi, aliás, a justificação adiantada pelo magistrado Pedro Miguel Vieira na notificação enviada aos arguidos do processo a dar conta da diligência: “É de esperar que a cidadã Carolina Salgado possua conhecimentos que, expressos através do seu depoimento, possam auxiliar na descoberta da verdade”. No documento enviado às partes, o juiz entendeu que a inquirição de Carolina Salgado, “atenta as revelações efectuadas no livro por si publicado e a posição que ocupou durante vários anos como companheira/mulher do cidadão Jorge Nuno Pinto da Costa, poderá ser importante para a descoberta da verdade”. Assim sendo, o juiz Pedro Miguel Vieira decidiu “proceder à inquirição” de Carolina Salgado, que, quer à chegada, quer à saída do tribunal – quase duas horas depois –, acompanhada pelo advogado, José Dantas, nada disse aos jornalistas. Em vésperas do início da instrução do processo «Apito Dourado» sobre Gondomar, Carolina Salgado publicou um livro intitulado «Eu, Carolina», no qual denuncia alegadas situações de corrupção desportiva, evasão fiscal, violação do segredo de justiça, agressões, perjúrio e fuga à justiça. Entre outras acusações, a ex-companheira do presidente do FC Porto revela que contratou duas pessoas – a mando de Pinto da Costa – para agredirem Ricardo Bexiga, actual deputado do PS e então vereador da Câmara de Gondomar, por este alegadamente ter denunciado situações relacionadas com a investigação do processo «Apito Dourado». JUIZ FASE DE INSTRUÇÃO PODE PROLONGAR-SE ATÉ MARÇO O juiz de instrução Pedro Miguel Vieira admitiu ontem que o despacho sobre o processo «Apito Dourado» pode vir a ser proferido apenas em Março. O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madaíl, ouvido quarta-feira como testemunha no âmbito do mesmo processo, disse que a fase instrutória deveria estar concluída até Fevereiro. No entanto, o juiz Pedro Miguel Vieira esclareceu que só poderá respeitar o «timing» se, entretanto, não forem suscitados incidentes processuais, pelo que o prazo para a fase instrutória se prolonga até Março. O magistrado frisou ainda que é “perfeitamente autónomo” na condução da fase instrutória deste processo. “O processo está exclusivamente sob minha alçada”, disse, comentando algumas dúvidas suscitadas pela nomeação da procuradora-geral-adjunta Maria José Morgado para dirigir a investigação e os inquéritos, instaurados ou a instaurar, ligados ao processo. A instrução do «Apito Dourado» prossegue hoje com a audição de testemunhas indicadas pelo arguido Luís Nunes da Silva. Trata-se de um ex-vogal do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, suspeito de em 2003 ter favorecido o Gondomar.