26 setembro 2006

E o apito dourado continua, continua...

DESPORTO Judiciária Pode estar em marcha o Apito Dourado 2 A Polícia Judiciária do Porto terá retomado as investigações criminais do processo de alegada corrupção no futebol na sequência de novas escutas telefónicas que envolvem alguns dos arguidos já conhecidos e novos suspeitos A Polícia Judiciária do Porto retomou as investigações criminais do processo de alegada corrupção no futebol Apito Dourado na sequência de novas escutas telefónicas que envolvem alguns dos arguidos já conhecidos e novos suspeitos, revela, esta terça-feira, o Correio da Manhã. Citando fonte da Polícia Judiciária, o jornal refere que além das 81 certidões extraídas pelo procurador adjunto do Ministério Público de Gondomar Carlos Teixeira há outras suspeitas sobre as mesmas pessoas visadas no processo, entre as quais aquelas que foram detidas há cerca de dois anos e meio. «Os factos novos levaram inclusivamente a mais escutas telefónicas que já confirmaram algumas suspeitas neste novo processo», escreve o CM. Acrescenta que «parte das pessoas já escutadas entre 2003 e 2004 voltaram a ser alvo de intercepções telefónicas, tendo acabado a nova série de escutas, uma vez que as autorizações não foram renovadas judicialmente no último mês». O diário afirma que as escutas realizadas continuaram a «dar frutos, apanhando novamente de surpresa conversas que, não sendo provas, constituíram ponto de partida para recolher provas». De acordo com o Correio da Manhã, nos últimos dias foram chamadas, discretamente, à directoria do Porto da Polícia Judiciária algumas testemunhas. O trabalho, segundo o CM, prossegue a cargo da mesma brigada, chefiada por António Gomes e coordenada por Edite Dias, havendo ainda um núcleo de inspectores a trabalhar a tempo inteiro, da 1ª secção regional de Investigação de Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira da Directoria da PJ/Porto. Segundo a fonte policial contactada pelo jornal, as investigações estão a ser supervisionadas pelo director da PJ do Porto, Vítor Guimarães. O CM refere ainda que o Ministro da Justiça disse, segunda-feira, que aguarda serenamente a conclusão do inquérito da Procuradoria-Geral da República, aberto na sequência da noticia de que houve uma fuga de informação no interior da PJ que favoreceu o presidente do FC do Porto no processo Apito Dourado. Na edição de domingo, o CM revelou que Pinto da Costa terá sido avisado de véspera por um alto responsável da Polícia Judiciária de que seria detido e alvo de uma busca domiciliária no dia 02 de Dezembro de 2004. O aviso, segundo o mesmo jornal, terá permitido ao presidente do FC Porto ausentar-se do país evitando a sua detenção e frustrando as buscas a sua casa. Apesar de a notícia ter sido desmentida por um antigo responsável da PJ do Porto, o director nacional da Polícia Judiciária, Alípio Ribeiro, pediu à Procuradoria-Geral da República que abra uma investigação criminal à alegada fuga de informação. Por seu lado, a Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (ASFIC/PJ) pediu ao Correio da Manhã que identifique «de forma inequívoca» quem avisou antecipadamente Pinto da Costa de que a sua casa seria alvo de buscas. A Associação revela-se surpreendida com a notícia, que considera «penalizante para a Polícia Judiciária». Adianta que, a ser verdade, que «algum quadro da PJ» tivesse inviabilizado «uma diligência daquela importância, colocando em causa não só o resultado da mesma, mas a própria segurança dos elementos encarregues de a executar», tal seria «inqualificável». Os factos denunciados pela notícia do Correio da Manhã devem «ser esclarecidos e se houver responsáveis e forem identificados, devem os mesmos ser severamente punidos», advoga a ASFIC. In VISAOONLINE 26 Set. 2006

06 setembro 2006

Mais escutas do Apito dourado

Valentim e João Loureiro escolhiam árbitros para o Boavista O Diário de Notícias desta quarta-feira cita novas escutas telefónicas que demonstram que, quer o presidente da Liga de Clubes quer o líder do Boavista faziam chegar aos árbitros escolhidos a mensagem de uma promoção na carreira a troco de uma «boa» arbitragem. O presidente da Liga, Valentim Loureiro, e o seu filho, o presidente do Boavista João Loureiro, escolheram por diversas vezes os árbitros para os jogos do clube do Bessa na época 2003/04, revela esta quarta-feira o Diário de Notícias. Um dos jogos que consta das certidões extraídas pelo Ministério Público (MP) de Gondomar é o Boavista-Alverca, que acabou com a vitória dos axadrezados (2-1), que marcaram os golos nos sete minutos de compensação dados pelo árbitro Paulo Pereira, afirma o jornal. Segundo o diário, «Valentim Loureiro foi quem informou o árbitro da classificação do observador do jogo: oito pontos». «Já sabe que conta aqui comigo», disse o major ao juiz numa conversa interceptada pela Polícia Judiciária. O DN diz ainda que em relação ao Boavista-FC Porto (que foi arquivado por falta de provas que sustentassem uma acusação de corrupção desportiva), Valentim questionou Júlio Mouco, da Comissão de Arbitragem da Liga, por que razão não tinha sido nomeado o auxiliar Devesa Neto. «Eu tinha acertado com o dr. João Loureiro que seria o Devesa», disse Valentim Loureiro, segundo o DN. De acordo com o procurador Carlos Teixeira, o modo de actuação de Valentim e João Loureiro passa, além da sugestão de nomes, pelo conhecimento antecipado dos nomes dos árbitros escolhidos. «Tal permitia-lhes encetar os contactos com antecedência», afirma o diário, dando como exemplo as escutas interceptadas antes do jogo Belenenses-Boavista, arbitrado por Bruno Paixão. Numa conversa entre João Loureiro e Ezequiel Feijão, ex-árbitro e observador da Liga, o presidente do Boavista pede que a equipa de arbitragem seja abordada e dá as instruções: «Ele (Bruno Paixão) chegou onde pediu (...), se quer umas viagenzinhas para o ano e tal... temos... temos... de atalhar caminho, pá! Tu pediste... foi-te concedido», revela o jornal. O DN diz ainda que também o Marítimo procurou obter favores dos árbitros. Numa escuta, António Henriques (ex-dirigente da Federação Portuguesa de Futebol - FPF) garantiu que no jogo com o Nacional da Madeira, este clube iria ser «bem roubadinho». No final, o árbitro Martins dos Santos foi escutado a confessar que prejudicou o Nacional: «Queriam lá um penalty, mas eu puni o gajo com amarelo.» Segundo o diário, foi prometida a Martins dos Santos na subida no escalão da arbitragem do seu filho, André Santos.
In VISAOONLINE 6 Set. 2006