03 junho 2006

PS diz que Valentim foi "ultrapassado"

O presidente da Comissão Política Concelhia do PS de Gondomar, Arménio Martins, considera haver uma "flagrante perda de peso político" do presidente da Câmara Municipal, Valentim Loureiro.
Não obstante assumir a dupla condição de autarca e presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, o PS alega que o major "se deixou literalmente ultrapassar pelo seu companheiro de partido, autarca de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, saindo o concelho de Gondomar uma vez mais prejudicado".
"Parece que o major se poderá aplicar o aforismo popular, segundo o qual quando há muita parra há pouca uva.
Muito 'berro' no discurso mas pouco resultado", acrescenta o socialista Arménio Martins. " O presidente da Câmara de Gondomar averba aqui mais uma inegável derrota política", conclui o líder da concelhia socialista de Gondomar.
Janete Pereira
in JN, 2 de Junho de 2006

O poder local sob suspeita

O testemunho de Paulo Morais, ex-vereador do Urbanismo e ex-vice-presidente da Câmara do Porto, acerca dos mecanismos de corrupção instalados no poder local (testemunho agora publicado em livro), suscita muitas interrogações.
Será, por algum suave milagre, única a experiência de Paulo Morais de pressões e "cunhas" de membros do Governo, políticos e dirigentes partidários para forçar a aprovação de determinados projectos imobiliários? Ou serão os restantes autarcas objecto de idênticas pressões? Neste caso, por que motivo apenas Paulo Morais vem a público denunciá-las? O ex-vereador sugere que o PSD/Porto vetou a sua recandidatura porque "a função que (ele) exercia não era permeável a certos interesses".
Será a "permeabilidade" a qualidade que permite a tantos autarcas manterem a confiança dos seus partidos? O poder local está há muito sob suspeita e não lhe adianta limitar-se a gritar "Provem, provem!" para se livrar dela.
Sabe-se, até por relatórios internacionais, que o polvo da corrupção floresce em Portugal.
A perigosa ideia que faz caminho na opinião pública é que a incapacidade operacional em que é mantida a investigação da corrupção em Portugal serve, justamente, para que ela não possa ser "provada, provada".
Manuel António Pina
in JN, 2 de Junho de 2006