08 fevereiro 2008

Milagre!!! Agressão foi obra de ninguém.

Apito Dourado: "Estratégia meticulosa" esvaziou investigação de agressão a Bexiga, diz o ex-autarca de Gondomar 8 de Fevereiro de 2008, 13:24 Porto, 08 Fev (Lusa) - Ricardo Bexiga, que viu arquivado o processo pela agressão de que foi alvo, disse hoje à Lusa que houve "uma estratégia meticulosa" de esvaziamento desta investigação e renovou apelos para se averiguar por que é que a culpa voltou a "morrer solteira". "A meu ver, houve aqui uma estratégia meticulosa de esvaziamento desta investigação. Talvez a investigação do que diz o despacho de arquivamento ajude a descobrir quem e porquê a quis esvaziar", afirmou. Até à publicação do livro de Carolina Salgado, ex-companheira de Pinto da Costa, presidente do FC Porto, "tudo foi feito para que não fosse mexido o processo de investigação", acrescentou o ex-autarca socialista de Gondomar e advogado. Na sua leitura, "tentou-se sempre, desde o início, limitar o caso a meros factos relacionados com desporto, quando tudo teve a ver com toda a minha intervenção política". Teve a ver, mais concretamente, com a "denúncia da promiscuidade entre política e futebol, sobretudo em órgãos de poder que na altura estavam residentes na Área Metropolitana do Porto", detalhou. Dizendo partilhar "inteiramente do diagnóstico feito no despacho" da Equipa de Coordenação do Processo Apito Dourado, que arquivou o processo pela agressão, o ex-autarca de Gondomar e advogado declarou que "quem ficou como responsável pelo apuramento dos factos em Janeiro de 2005 não cumpriu o seu dever". "Seja por negligência, seja por omissão, não cumpriu o seu dever", frisou. Em Dezembro do ano passado, Ricardo Bexiga pediu, também em declarações à Lusa, uma averiguação sobre as circunstâncias que levaram a que o processo sobre a agressão de que foi alvo "tenha estado parado" cerca de dois anos. "Deve ser averiguado, com as consequências devidas, por que é que o processo esteve parado tanto tempo", declarou então o antigo autarca socialista de Gondomar. "É esse apelo que renovo no sentido de ser apurado por que é que a culpa mais uma vez morreu solteira num processo de investigação desta responsabilidade", afirmou já hoje. Bexiga chegou a pedir ao anterior Procurador-Geral da República, Souto Moura, que fosse dada prioridade às investigações, pedido que foi encaminhado para o Porto. O antigo autarca socialista de Gondomar e causídico excluiu, "para já", a hipótese de requerer a instrução do processo. "Confesso que, tal como a doutora Maria José Morgado, não tenho outros factos ou meios de prova que possam justificar a abertura da instrução neste momento", justificou. O inquérito-crime à agressão ao antigo vereador socialista de Gondomar era o único que a Equipa de Coordenação do Processo Apito Dourado - relativo a alegada corrupção no futebol e na arbitragem - ainda não tinha concluído. Termina, assim, um processo que começou a 27 de Janeiro de 2005 com a denúncia de Ricardo Bexiga na Polícia Judiciária do Porto. O caso ocorreu a 25 de Janeiro de 2005, quando Ricardo Bexiga foi agredido por dois homens encapuzados na altura em que saía do seu escritório e se dirigia para o parque de estacionamento da Alfândega, no Porto. Quando depôs no Ministério Público, a ex-companheira de Pinto da Costa, Carolina Salgado, referiu o envolvimento de quatro ou cinco pessoas nas agressões ao ex-vereador. Carolina assumiu mesmo parte da responsabilidade pela autoria moral do crime, por alegadamente ter contactado as pessoas que deveriam concretizar a agressão. Na sequência desta confissão, a Equipa de Coordenação do Processo Apito Dourado, liderada pela magistrada Maria José Morgado, acabou por constituir arguidos Pinto da Costa, Carolina Salgado e Fernando Madureira, líder dos Superdragões, a principal claque do FC Porto. As dificuldades em descobrir os autores materiais da agressão surgiram desde logo porque actuaram encapuzados e com celeridade, impedindo um reconhecimento visual pelo agredido. Bexiga admitiu perante os investigadores a possibilidade do crime ter sido cometido por quatro homens que quatro dias antes visitaram o seu escritório, com o alegado propósito de lhe entregarem um processo. O advogado não conseguiu, no entanto, recordar-se do rosto destas pessoas que, alegadamente, pretenderiam apenas identificá-lo para não errarem no alvo quando concretizassem a agressão. O parque de estacionamento onde Ricardo Bexiga foi agredido não tinha câmaras de vigilância, o que acrescentou novas dificuldades à identificação dos agressores. JGJ. Lusa/Fim